quinta-feira, julho 13, 2006

Famílias sem médicos ou serão médicos sem famílias?

Na capa do Jornal Público do dia 12 de Julho de 2006, está uma manchete escrita a vermelho que diz que as “estatísticas registam um milhão de portugueses sem medico de família”, eu acrescentaria mais umas centenas a este numero subjectivo porque com a carrada de médicos estrangeiros que anda por aí, o mais provável é que a comunicação paciente/sr. doutor seja complicada senão impossível. Portanto as famílias realmente têm um medico no papel mas se depois não o entendem, na prática é o mesmo que ficar sentadinho em casa a fazer um bordadinho de ponto richelieu e a ver essa bela reposição do Anjo Selvagem para afastar a amargura de não ter um médico a quem recorrer na hora do aperto.
Bom, mas fixemo-nos nos números porque esses falam por si só. De acordo com o Census realizado aqui à atrasado, Portugal tinha quase 10 milhões de habitantes. Ora se um milhão não tem médico, 9 milhões têm… o Gervásio, pioneiro da reciclagem, chegou a esta inútil conclusão em três tempos, mas pronto. Passado à frente…
Infelizmente a classe médica portuguesa está a evoluir para um caminho não muito promissor para a sociedade, isto porque, cada vez mais se está a virar para o sector privado.
O pão nosso de cada dia dos hospitais públicos portugueses é o típico médico que chega as 11 da manha com cara jovial, sorriso branco, que mesmo sabendo que devia ter entrado quatro horitas antes, antes das 13 está na rua porque às 16 tem uma operação na sua clínica com ar condicionado e tecnologia de ponta, que ao fim de 6 cirurgias está paga duas vezes. Mas estas pobres criaturas no fundo só querem o bem-estar alheio, senão vejamos, por exemplo, uma pessoa queixosa vai a uma consulta e ao fim de duas horas a ler revistas, cuja capa trata do casamento de D. Duarte Pio, lá é atendida. Mostra as analise, tacs, radiografias, ecografias e toda uma outra panóplia de exames, e fica a saber que tem uma maleita que só se resolve indo à faca. É do conhecimento geral que as listas de espera de um hospital público para uma cirurgia são assim a atirar para o grandote, portanto o senhor detentor do estetoscópio faz isto, e passo a citar: “Daqui a quatro mesinhos tem operação neste hospital, isto claro se sobreviver às dores e às diversas necroses que com o tempo surgirão, contudo e se quiser, amanha poderá estar deitado(a) numa marquesa da minha clínica com luzes sensíveis ao movimento e musica ambiente, pagando a módica quantia de…” e diz um modesto numero nunca com menos de quatro dígitos (falo em euros).
Posto isto, não admira que os médicos se recusem a trabalhar no sector publico, e a ser médicos de uma família que não a deles.

P.S.– Só mais uma coisinha… um apelo, não vão aos hospitais só porque têm o nariz a pingar… por norma quem lá entra sai de lá pior do que quando entrou. Precaução acima de tudo, umas luvas, uma mascara atarraxada a uma botija de oxigénio nunca fizeram mal a ninguém e são um óptimo investimento para uma possível ida ao hospital

2 Conspirações propostas:

Blogger Filipa conspirou, dizendo...

olha que ver o anjo selvagem pode ser a cura pa mta gente. ao verem a vida daquela desgraçadinha podem chegar a conclusao que a vida deles nao e assim tao ma, e ja nao precisam de ir ao medico, so porque tao a sangrar do nariz!
falando a serio, acho que realmente tens toda a razao no que dizes no texto... nuts à presidencia!

14/7/06 00:11  
Blogger Toffee conspirou, dizendo...

Tens alguma coisa contra o Anjo Selvagem? Hein, hein?

Fizeste muito bem em chamar-nos a atenção para este problema que tocando na saúde e tocando na área pública, se trata de uma terrível ameaça... à saúde pública.

Julgo mesmo que da próxima vez que nos sentarmos na HD, deveremos traçar um plano nacional de apoio às famílias sem médico (PNAFSM) e ajudá-las, nomeadamente no plano jurídico. Essas famílias deveriam então processar o Estado por não lhes prestar os cuidados básicos de saúde, sendo assim obrigadas a recorrer à programação da TVI que lhes causa grandes danos cerebrais. Isto representa na verdade um plano maquiavélico do Estado para encher os seus serviços hospitalares na área da saúde mental. José Eduardo Moniz e José Sócrates por detrás.

14/7/06 14:46  

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